O esquecimento proposital
Vi esses dias uma ex-usuária de maconha criticar um fumante de tabaco de forma xiita. Na hora pensei em elucidar a pessoa, dizendo: "Oi, você tem um passado, lembra?", mas fiquei fria -- gelada para falar a verdade. Cada um mostra para o mundo o que é oportuno; o que nos desabona, escondemos.
Sabe, essa coisa de estar quase nos trinta me pega às vezes. Vejo várias pessoas de 30 e poucos ou muitos, "garganteando" exemplos furados e sim, esquecendo de seu próprio passado. Claro, o importante é se perdoar -- foda - se a opinião alheia --, afinal de contas os erros surgem justamente para que possa existir o arrependimento, um aprendizado. O normal é fugir do que nos prejudica e mudar. Sim, mudar para melhor! Agora o que incomoda são os que se colocam como exemplo e simplesmente deletam da sua mente toda a merda que fizeram, como se atualizassem uma página com texto novo no blog, fazendo parecer tão simples como deletar uma poesia ridícula do bloco de notas do computador.
É aquela lógica, que faz do "vizinho" estar redondamente enganado. O "vizinho" é um estúpido que tira o lixo um dia antes do lixeiro passar. O "vizinho" também está errado por brigar com a esposa aos berros e me fazer roubar a briga e escrever um conto. O "vizinho" é burro por gastar dinheiro comprando pinga no bar da esquina .O "vizinho" também é um sem coração que some e não dá notícias. O seu "vizinho" é tão errado que o desafio a se colocar como exemplo de vida e de conduta. Esses que criticam tanto seus "vizinhos" deveriam mostrar ao mundo sua fugaz diferença, sua história de sucesso pessoal. Afinal de contas, andar sempre nos trilhos é para poucos e admiro uma pessoa incrível assim. Incrível no sentido fantástico e fodástico da palavra!
Vejo muito pouco um alguém qualquer fazer uma autocritica com sucesso. Na maioria dos casos a autocritica vira uma mania que todos em volta devem suportar. Logo, o tabaco do cidadão ao lado vai sempre incomodar um ex-fumante de maconha. Ele vai reclamar, discursar seguindo a máxima política, onde gritando primeiro as merdas dos outros faz com que as nossas pareçam menores.
"Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa?" Não, isso vai depender da nossa disposição em olhar para dentro e fazer a autocritica funcionar ou continuar condenando o tabaco do "vizinho", esse sim um horror!
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