Sabem
quando é que eu me sinto velho? Quando leio as conversas "amorosas"
de gente que sigo pelas redes sociais. "Fiquei com fulano ontem".
"Ah, sicrana estava gata, mas acabei ficando com a beltrana". Um
misto de pena, resignação e raiva, pois esses que hoje vagam pelas noites não
tem o prazer da conquista e isso me dá pena. Aceito que os tempos mudem,
"evoluem" de uma certa maneira, assim fico observando, sem comentar.
E finalmente me dá um ódio danado de lembrar que em meus tempos de adolescente
para ganhar um beijo de alguma desejada eram gastos dias, semanas de flerte,
sucos de laranja pagos com dinheiro inexistente e paciência, muita paciência.
Banalizaram
o beijo, primeiro contato íntimo e sexual. Banalizaram, por consequência, o relacionamento e a magia da conquista.
Mas
pelo que leio por aí ou escuto por aqui, as coisas não estão sendo fáceis para
os envolvidos. É um chororô de decepções expostas ao grande público em forma de
frases mal formuladas de um português inexistente, quando não burro.
Minha
teoria beira à conspiração, quando acredito e tenho a cara lavada de lhes dizer
que a partir do momento em que esses relacionamentos amorosos são pilares quebrados de um pier (chique escrever pier, quando poderia escrever trapiche
ou cais, outras palavras legais, não é?) que dá embarque às naus furadas da
vida de cada um.
Veja
bem se não estou certo:
Determinada
pessoa sente-se solitária e abandonada, depois de frustrações notívagas e
etéreas, que não sobrevivem ao SMS do dia seguinte. Tal pessoa, depois de
tantos doídos pesadelos emocionais, acaba por se recolher em casa, por puro medo
de novos machucados. Na internet
transforma-se naquele grudento ser que acaba por se tornar um
"amigo" presente em seu blog, twitter ou qualquer outro lugar que você
costuma aparecer, expansivamente. Um chato qualificado, já comentado em outro
texto (em vídeo, por Camila Salvatti). Na vida real, uma concha. Na virtual, uma
ponte para satisfazer o ego de qualquer um, centrado e abnegado.
Querem
acertar as contas com esse destino injusto? Tornem-se difíceis. Sejam aquelas
pessoas inatingíveis que tem em torno de si uma aura de mistérios e de
impossibilidades. Deuses em olimpianos pilares, deixando para que a ralé que
sente prazer em relacionamentos fúteis, se contente "cada um em seu
quadrado."
Na
realidade não me sinto velho não. Não é a velhice que me incomoda. O que deixa
passado é que minhas experiências acumulados me transformam em ranzinza. Chato
de um outro tipo, mas feliz com conseguir ainda ficar afastado da turbulência de
uma vidinha sem graça e vazia, e que me dá ainda o prazer da conquista diária por
ti, Letícia.
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