Durante
os anos 60, loucos anos de liberação comportamental, a negação do estabelecido
foi praxe. A tal contracultura. Leis antigas tinham o gosto amargo da
mesmice, sutiãs apertavam mais do que nunca e a droga rolava ao som do rock´n roll. Descrição mais clichê,
impossível. Ah! Os hippies!
E a bossa nova.
Os anos
70 apareceram como uma continuidade lógica da década passada. Sutiãs não haviam
mais para serem queimados, pois agora é natural que sejam usados por vontade,
não por imposição social. O rock deu
cria, nasceu o punk de poucos (ou
quase nenhum) acorde, as drogas eram consumidas a rodo e a molecada careta dos
anos 60 eram já adultos caretas dos anos 70. E os hippies continuavam, bom...
Sei lá... Estavam ali e pá... Mas pode ser que também não estivessem... Não,
sei lá... Entende?
Coloridos
anos 80. Contrários ao preto punk, o rock progressivo estava na onda, da mesma
maneira que várias bandas com músicas fantásticas como "Ursinho Bláu-bláu"
e "Amante profissional", fazendo o contraponto ao Legião, Ira!,
Paralamas, Engenheiros e muito etcéteras. Nossas roupas coloridas chocavam quem
não estivesse usando óculos escuros espelhados, pois podem dizer o que
quiserem, mas verde limão com cor de laranja não combina em lugar nenhum do
mundo, em qualquer época. E os cabelos? Ainda bem que naquela época as câmeras
digitais e o Orkut não existiam...
Depois
os 90 yuppies chatos e seus ternos com ombreiras, os 2000 que não acabaram o
mundo, sobrando a chance para que em 2012 os Maias acertem a parada, já que
Nostradamus errou feio e na virada do milênio não aconteceu catástrofe maior
que o bug dos computadores que não
atualizavam mais o reloginho. E sim, para mim o milênio virou em 200, não em 2001, como querem os doutos no assunto.
Obviamente
os parágrafos acima são um resumo de um minuto.
A cada
década – e podem contar que a variação é sempre na base do decênio – o homem dá
um jeito de inventar uma novidade de folhinha de quitanda. Contestação, irritação, esquecimento,
enriquecimento/empobrecimento. Alterações nada lineares mas sazonais no comportamento.
Estamos
nos dando bem em nossas investidas através de novos terrenos? A criminalidade
explode, a educação vai ao rodapé, o caráter desapareceu e conceitos como
moral, ética e bom-senso tornam-se raridades absolutas.
Pois
então aparece um escritor declaradamente agnóstico dizendo a quem interessar
possa que as aulas de religião acabam fazendo falta! Surtei? Não e explico:
A noção
básica de certo e errado é-nos transmitida pela religião, herdada de nossos
pais. Claro que no âmbito familiar se educa, mas o conceito temerário ao
erro vem dos bancos dos templos. Tomar
uns tapas na bunda não é tão perigoso quanto arder no fogo do inferno.
Ao se
declarar como uma década de contracultura, os anos 60 deram os primeiros passos
para o gráfico social negativo. Tudo era errado, se fosse imposto. Tudo era
permitido, desde que não houvesse compromisso. Deus passou de único a um
caleidoscópio conceitual, dependendo se a mola mestra era LSD ou haxixe. Quando
esses contestadores passaram a procriar, criaram seus filhos nos mesmos moldes
que 'desenvolveram', logo derrubados por outras noções de presença/ausência
divina. A partir dos anos 80 passou a ser cool
proclamar-se ateu, a educação religiosa nas escolas acabou e a maldade
acabou nos trazendo aos dias atuais, onde ainda se dorme embaixo das pontes,
agora tocados no crack e sabe-se lá
mais o que de refugos dopantes.
Não é
contrasenso algum para alguém como eu, descrente, perceber que a religiosidade
é uma muleta eficaz no controle social. E não me refiro aqui a homens-bomba ou
cruzados e sim do homem comum. Em cidades pequenas e mais afastadas de grandes
centros, onde o padre/pastor/rabino/xeique seja presente, a criminalidade
proporcional é extremamente menor.
Hoje o
castigo é pernicioso e não corretivo. Deixamos nossos filhos abobados com uma
ilusória liberdade, pensando que fazemos o bem. Em realidade lhes garanto que
essa libertinagem medíocre onde adolescentes acreditam saber o suficiente para
foder aos 13 anos, perpetuando a raça das nulidades em filhos vindos de um meio
já corrompido pela burrice endêmica que grassa nossa juventude, é culpa nossa, pais abobados que creem ainda
que é necessário "não perturbar" para que a evolução da espécie aconteça. Pelos menos na doidera dos anos 60 a pílula era aliada, enquanto hoje a camisinha serve de enfeite na carteira.
Como
disse no editorial da Revista Cultural Novitas deste bimestre, acredito em
mudar de opinião. Não em tudo, claro, senão seria eu também mais um abobado que
acredita em cada fofoca do twitter. Antes acreditava que religião era uma praga
a ser abolida. Hoje convivo pacificamente com ela, embora continue não
acreditando em magias e seres invisíveis. Hoje seria ótimo se aparecesse um
Padre Cícero, porreta, que desse ao menos um sentido moral às atitudes de
nossos jovens, coisa que nós, pais bundões, estamos nos tornando incapazes de
fazer, ao som de "Fugidinha"...
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