Hoje,
domingão sem sol e sem nada a fazer comecei assim ali, no site do passarinho:
"A confusão sentimental primordial: amor / paixão / tesão / posse"
Alguém
duvida que relacionamentos sempre envolvem ao menos três dos
quatro sentimentos que foram ali citados? Percebem como se mesclam
uns aos outros para criar a estabilidade ou a ruína de um
relacionamento qualquer?
A frase ali acima destacada rendeu comentários interessantes, por isso continuei na mesma balada:
A frase ali acima destacada rendeu comentários interessantes, por isso continuei na mesma balada:
"Amor: Comodismo. É estar com quem se quer, sem o compromisso de olhar p/ os lados. É falho, posto que morno."
"Paixão: O grau elevado do amor, entremeado pelo tesão, controlada a posse. Paixão é sorver, degustar, querer. "
"Tesão: a animalidade do relacionamento. A burrice do desejo sem comprometimento afetivo. tempera, mas não é prato principal. "
"Posse: Não ama, tem. Não se apaixona, consome. Não acarinha, fode. A posse é o vício, o passional sem peito ou cabeça. Burrice pura."
Tirando
a limitação de caracteres comum à ferramenta, acredito que é bem
claro o que penso sobre o tão manjado "amar", banalizado.
Anos atrás escrevi um poema sobre:
Paixão
O
amor? Sentimento falso e mesquinho
Mescla
de falsidade e comodismo!
Sou
muito mais é pela paixão;
me
perder em delírios puros,
sentir-me
em sua presença a cada instante
mas
ao mesmo tempo sentir ainda a alma pesada de saudade
Amor
é algo comercial:
Bodas
disso, bodas daquilo, presentes.
Um
lixo!
Mas
é a pobre da paixão, menosprezada,
catalogada
como sentimento juvenil, passageiro,
que
me arrebata, me tira os pés do chão,
me
sacode, me leva por ventos que,
mesmo
sendo tão conhecidos de paixões outras,
tem
sempre o doce e o amargo de novas descobertas.
Bah!
para você amor, seu caduco com sua indecente,
chata
e incoerente frase-chavão: "Eu te amo..."
Mentiras.
Não ama, suporta. Aprendeu a convivência.
Mas
e a pobre paixão?
Essa
que te ergue ao topo, te faz fiel porque,
Quando
apaixonado está, nada mais agrada
Que
aquele olhar tão quente...aquele pequeno instante...
Um
toque!
Aí
está a comprovação!
Um
toque de seu ou sua apaixonante meta lhe traz fogo às entranhas
Ferve,
quase evapora todo o sangue de seu corpo.
Olha
no espelho e vê se não fica roxo!
Teu
amor? Pode te esmurrar, violar, invadir...pois..simplesmente,
está
ali.
Que
se danem enamorados e que salvem-se, espelhem-se,
sintam-se,
APAIXONADOS.
Sintam-se
vivos como se o mundo acabasse naquele instante e você,
pelo
canto dos olhos, desejasse que tudo fosse para o inferno,
pois
ali, em seus braços, está a paixão momentânea de uma vida toda.
Continuo
fiel ao acima escrito.
Amor,
como se tem usado, é uma infâmia. Um ataque contra a(o)
parceira(o). O cidadão Fulano de Tal sai de casa, trabalha, passa no
bar, enche a cara, come a secretária. Chegando em casa, estapeia a
mulher que o questiona, chuta o cachorro, assusta as crianças. Mas
está ali, para felicidade de todos, pois são uma "família que
se ama". Esse é o exemplo mais claro de amor: o comodismo
forçado, o sexo em meses alternados, o prato de comida fria servido
sem os arranjos combinando a salada com a carne. Não há alegria e
sim a tensão do porvir, que todos sabem jamais virá. Em nome do amor
e do cabresto.
Paixão
é minha conduta, pois engloba todos os sentimentos possíveis.
Paixão é furiosa e não aceita distâncias nem proximidades. Paixão
é o amor, mas com a cara pintada para a guerra contra a indiferença,
o enfado e o cotidiano enfadonho que todos casais sabem ser de uma
chatisse imensa. Paixão é amor com tesão, amor com sofrer de
saudade, amor com vontade não de ter, mas sim de ser enquanto é --
ou seja, ter a posse mas não ser dono. matematicamente a paixão é
um erro: 1 + 1 = 1. Não dois, mas exatamente um. Paixão é o
encontro perfeito de duas metades que o destino fez por bem deixar
que se encontrassem.
Tesão
você pode ter pela página central da Playboy. Pela vizinha. Pela
vida solitária. Tesão é o "ficar" que banalizou o beijo
e credencia todos a serem de todos sem pertencerem a ninguém. A
clássica confusão entre liberdade e libertinagem. Sexo ao sexo,
animal, grosseiro, sem o olhar apaixonado que liga no dia seguinte,
deixa um bilhete desejando bom dia ou, mais simples ainda: sem
sentimento.
Posse
é o ciúme desmensurado, geralmente partindo daqueles que tem culpa
no cartório. O Fulano de Tal trai e tem medo de ser traído, assim
tranca com as correntes de sua própria insegurança a parceira que,
até prove o contrário, está com ele por querer e não por ter
dívida qualquer que a faça refém. Posse é o inferno da dúvida e
o veneno da hipocrisia.
"O relacionamento perfeito é o equilíbrio. Amar a companhia, apaixonar todo dia. O tesão sem posse, pois a outra parte te deseja."
"Equilíbrio é, nada mais nada menos, que deixar a matemática da igualdade sem lado, contanto com as disparidades para criar a surpresa do novo."
O
equilíbrio só é alcançado quando as duas partes não se
interessam em vencer e sim em formar algo novo. A matemática que
não bate.
Sou
contra o amor. Luto pela paixão que me acompanha há -- no momento
em escrevo estas palavras -- dois anos, seis meses e catorze dias.
Paixão é amor sim, mas com tesão, sem posse. E essa posse da qual
me abstenho calca-se na certeza de que minha amada sente por mim
exatamente o que sinto por ela. Logo, para que querer ser dono do que
me oferece de maneira gratuita?
Prefiro
me apaixonar todo dia. E amanhã também.
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