14 de nov. de 2009

Contravenção: brasileiro!

Algo que não entendo é o fascínio que celebridades internacionais tem pelas favelas cariocas.


Desde o Príncipe Charles dançando com a carequíssima passista Pinah lá pelos idos de 1978 até a presença loira-deslocada de Madonna, acompanhada por Cabral e imenso séquito, passando por sei lá mais quantos stings e afins, existe em mim aquele sentimento de inutilidade patiótica: onde eles veem exotismo e cultura, vejo bandidagem e prostituição. Se uma geyse incomoda muita gente, várias lumasdeoliverira incomodam muito mais.



Muitas vezes comentei esse meu anti-patriotismo cultural com amigos e todos concordaram comigo. Eu deveria ter nascido, no máximo, tibetano. No mínimo, europeu.



Vejam bem: não gosto de futebol, que dizem ser o esporte nacional. Acho irracional ficar olhando 22  (25, se contarmos bandeirinhas e juiz) , se digladiando por una pelota. Dá uma para cada um e pronto, pô! Acabam as brigas de torcida, os cartões vermelhos e o feriado prolongado pré-entre-pós Copa do Mundo. A vida pára para o futebol passar.



Também não gosto de Carnaval. Incitação à prostituição, com suas mulheres desnudas, alardeando para quem vê a Globo: "Olha só, somos facinhas!". Depois, quando uma moça de fino trato viaja ao Exterior e é tida como prostituta, fica pau da vida. Samba enredo também não é música (tirando aquela do Caetano, lá pelos anos 80. Mas não me pergunte qual, porque também não gosto do Caetano). 



Para completar o trinômio de minha rebeldia nacional, a cerveja. Que culpa tenho eu se prefiro um bom Cabernet chileno ou -- maravilha das maravilhas -- o  velho amigo de tantas horas, Jack Daniel´s (de preferência Single Barrel)? Cerveja deveria ser vendido como diurético (pausa: a Caracu e a Guiness até que tem porque serem bebidas.).



Viram? Não sou brasileiro, acho. A cegonha deve ter errado e invés de me entregar para pais ansiosos que me aguardavam em alguma Villa no Mediterrâneo, em meio a tonéis de vinho e massas perfeitas me derrubou no hospital do Parque Dom Pedro, em São Paulo. Assim,  o meu eu que deveria ter sido entregue no Brasil, acabou indo bater com os costados lá no Mediterrâneo, ocupando a vaga que deixei em aberto, por acidente. Talvez ele seja viajante e vez por outra compareça ao Sambódromo. Ou mesmo tenha virado um craque de fama internacional, fazendo seus gols em terras esrangeiras. Ou então virou político e hoje corrompe/é corrompido em sua própria Villa, lá na terra que deveria ter sido a minha.



Se alguém for viajar por terras além fronteiras e conhecer um cara que tenha minha idade (aniversario este mês ainda, completando 43 invernos), e pareça mais brasileiro que eu, avise-o deste texto. Quem sabe ele não aceita trocar?




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