WikipediaInicialmente retratado como um endiabrado, é uma criança indígena, com uma perna e de cor morena, com a diferença de possuir um rabo.
Na Região Norte do Brasil, a mitologia africana o transformou em um negrinho que perdeu uma perna lutando capoeira, imagem que prevalece nos dias de hoje. Herdou também a cultura africana do pito, uma espécie de cachimbo, e da mitologia européia, herdou o píleo, um gorrinho vermelho.
Considerado uma figura brincalhona, que se diverte com os animais e pessoas, fazendo pequenas travessuras que criam dificuldades domésticas, ou assustando viajantes noturnos com seus assobios. O mito existe pelo menos desde o fim do século XVIII. O saci não tem amigos, vivendo solitário nas matas. Também conhecido como menino de uma só perna.
Hoje, pelo calendário de datas comemorativas brasileiro, seria comemorado o Dia do Saci.
Apesar disso, como nós brasileiros somos um povo sem cultura, comemoramos o tal halloween.
Seja para parecermos um pouco cultos, seja para fazer de conta que falamos inglês ou mesmo porque sejamos um bando de desmoriados quando o assunto é cultura nacional, vamos atrás de travessuras ou doçuras.
Eu, que adoro o folclore nacional e seus membros desmembrados portadores de deficiências físicas (o saci e a falta de uma perna, o curupira com seus pés ao contrário, a mula que não tem cabeça), me irrito com essa investida da (pouca) cultura americana em nossas paragens.
Como escreveu a Lunna em seu blog:
Aqui em São Paulo há uma combinação de elementos vários: italianos, alemães, japoneses, judeus, chineses e muitos outros povos, cada qual com a sua cultura. Por assim dizer há espaço para tudo.
Óbvio que é assim e sempre será. Em qualquer local onde se instale um costume diferente, este torna-se interessante. Se for divertido, religioso ou simplesmente "legalzinho", os locais acabam por se envolver no assunto, assimilando, modificando e recriando sobre esse costume.
Porém, se pode notar que os povos citados pela Lunna instalaram-se aqui, fazendo parte da grande e miscigenada Nação brasileira. Tornaram-se parte de nosso contexto de nacionalidade, de nossa genética, que é o de ser afável e chegado em uma festa.
Quanto ao halloween, lá nos Estados Unidos uma festa comercial (leia aqui. Minha irmã mora lá, logo sabe do que fala), aqui está sendo transformado em uma importação de cultura.
Posso lhes afirmar que de cultura não há nada em comemorar seres do além. É uma má interpretação de um tema mais antigo com fundamentos outros que nada tem a ver com o que se faz hoje em dia (a explicação disso está naquele primeiro link, no topo do texto, e no blog de minha irmã).
Existem ótimas culturas espalhadas pelo mundo e foram, utilizando-se talvez o conceito histórico que prega que o conquistado aprende e se utiliza dos costumes do conquistador, justamente escolher a pior delas. Que tal instituir então o dia do selkie (Os Selkies são duendes marinhos encontrados em torno das ilhas Órcades (Orkney), Feroé e Shetland. Selkie significa "seal" (foca) e é comum ver as tais criaturas nessas paragens; o nome Órcades procede do escandinavo antigo "Orkneyjar", que significa "Ilha das focas"-fonte).
A título de informação: o dia do Folclore é comemorado a 22 de agosto. Por conta da tal blogagem coletiva ( óh céus, ainda fazem isso!), tem gente misturando a proposta de quem montou a tal blogagem (assimilação de culturas), com a assimilação de folclore, coisas completamente diferentes.
Quebrem a vassoura das bruxas, crianças. E vão fazer um carinho no saci que ele merece. E não esqueçam de ser politicamente incorretos e levar o fumo para seu cachimbo.