Quando
a internet ainda era conhecida com BBS e você tinha que pagar os tufos pelo
acesso, quem navegava o fazia por dois motivos: aprendizado e troca de ideias.
Funcionava como o twitter hoje, pois você tinha um custo/minuto de uso imenso,
então não havia como escrever textos grandes como este que tens agora sob os
olhos.
O
advento da internet e sua popularização fez germinar a livre e rápida informação, nem sempre
verídica. Uma revolução que atingiu seu ápice quando os blogs entraram na moda.
Poder comentar os textos alheios e ao mesmo tempo receber opiniões sobre suas
ideias, expressar seu sentimento sobre algo, alguém. Testar literatura de lavra
própria. Os blogs incrementaram a interação até então circunscrita aos chats e
fórums.
No bojo
desse contexto blogueiro, pariu-se uma espécie de gente imprestável: o babaca
que sabe escrever, mesmo que porcamente. Antes, administradores de blogs e
coordenadores de bate-papo tinham o poder de excluir do convívio dos usuários
essa pessoa chata, sempre com uma opinião errada e completamente off-topic, como costuma escrever. Eram
banidos, os babacas. Nos blogs, se o seu sistema de comentários não está
devidamente configurado, o babaca escreverá sobre seu (dele) ódio racial, sua
homofobia, sobre política partidária.... Mesmo sendo seu texto uma receita de
bolo, que obviamente ele não leu. O babaca não é criterioso: insinua-se em
qualquer fresta, como barata cascuda.
Essa
tendência em ser babaca tem ganho forma de revolução, principalmente em redes
sociais. Orkut, com suas medonhas 'comunidades', facebook, twitter... Qualquer
ajuntamento de internautas é um prato cheio ao babaca. Além da longevidade,
babacas procriam como ratos, ninhadas a cada novo mês.
Depois
do preâmbulo, o fato:
Estávamos,
minha esposa e eu, navegando pelo Facebook ontem, quando uma montagem
fotográfica que deprecia a pessoa Marcela Temer (sem títulos, já que qualquer
um é merecedor de respeito, independente de cargos que ocupe). Adivinhem quem
vem para comentar? O babaca. Vários deles, incluindo o autor, fã de trocadilhos
irritantes. Uma verdadeira vara de desocupados, todos com fotografias
aparentando acima de 40 anos. O que antes era inerente à adolescência, babaca
hormonal, exaltado e restrito em sua maioria ao Orkut, virou febre de senhoras
e senhores, esses sim babacas compulsivos, doentes. O mais estranho é que a
verborragia do babaca possui simancol
tardio, já que após alguma confusão com não-babacas (uma minoria mentalmente
sadia), correm lá os 'comentaristas' a apagar suas ideias tortas e ridículas.
Sim, não sou babaca e sou previdente, assim salvei os comentários antes da
'revisão' promovida tardiamente. Na próxima, pensar antes de escrever é uma boa
sugestão, já que os denunciei ao Safernet.
Outro
caso parecido ocorreu no jornal-mentira "O Sensacionalista". Um site
extremamente divertido. Inteligente. Fala-se em uma matéria sobre pedalinhos nas enchentes de São Paulo. O babaca feliz aparece, destilando o ódio racista
contra nordestinos.
Eu lhes
pergunto, babacas, não-babacas e simpatizantes alheios a meus rótulos: quando
essa ignorância acobertada pelo anonimato da internet terá fim? Sim, sou contra
a censura prévia de conteúdo ou acesso a qualquer material que seja, mas por
que a tal privacidade, que protege o pedófilo, o golpista e todo quanto é tipo
de babaca -- na maioria das vezes um criminoso gestacional?
Anonimato
não quer dizer privacidade. Privacidade não que dizer liberdade. Liberdade não
quer dizer libertinagem.
Os
não-babacas logo serão procurados a peso de ouro, por sua raridade. E espero
que sejam esses os sobreviventes no futuro.
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