Quem me lê faz algum tempo, sabe que eu tento escrever poesia gaudéria. Não é um "luxo" de poesia gaudéria, mas com treino se pega o jeito!
III.
Tu que me olhas como cabano triste
Não amolece o peito na marra
Enquanto isso danço o maçanico em riste
Espantando micuim não te dando as caras.
Não tenho rancor nem sou monarca
Só não tolero vivente a gambetear
Correndo e fazendo fuzarca
Eu fico só a ladear.
Preferia que tu fosses matreiro
Pois valeira a pena gastar saliva
Mas tu passa mel nos beiços
E não vale a narrativa.
Pode fingir que caiu um cisco
Não levanto nenhum dos cinco mandamentos
Melhor tu voar como um risco
Pois não churrasqueio no mesmo espeto.
Glossário:
Cabano: cavalo de orelha caída
Maçanico: Dança gaudéria
Micuim: inseto de grama
Gambetear: poeder irregularmente, de forma pouco honesta
guaipeca: cão pequeno, cusco, cãozinho ordinário
ladear: Desviar, tirar da frente.
Matreiro: pessoa esperta, evasiva, má fé
Passar mel nos beiços: Agradar para enganar
Cinco mandamentos: A mão, dedos da mão
Churrasquear no mesmo espeto: grande amizade com outra pessoa.
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