Outro dia estava andando pelo centro de Santa Cruz do Sul, com um tempo livre. estava esperando meu enteado terminar a aula de catequese para podermos voltar para casa e, para não dizer que estava totalmente a toa, fui até a Lotérica para fazer aquela fezinha. Certo de que desta vez ganharei na MegaSena, resolvi dar uma olhada em preços de TV´s para o quarto de nosso pequeno quase-pré-adolescente. A que está ali, além de pequena, está em petição de miséria e logo, logo, queimará. E já que esta semana serei o novo milionário, nada como poder gastar em uma TV de plasma de 42 polegadas.
A rua central da cidade é totalmente comercial e frente a frente, duas concorrentes expõe seus produtos para que nós, futuros endinheirados, possamos avaliar. Em uma loja todos os televisores virados para a rua, com um programa qualquer de um canal por assinatura qualquer mostrava a entrevista de uma personalidade qualquer. Do lado oposto da rua, um DVD colocado de um famoso cantor sertanojo (ou breganejo), colocado a disposição dos transeuntes em último volume, uivava de dentro da loja. Claro que entrei na loja da entrevista e logicamente não comprei nada, porque acho televisão algo quase que totalmente inútil, principalmente custando mais de mil reais. Será que eles não sabem que o resultado do jogo só será divulgado hoje?
A questão principal aqui é o direito de escolha. Se você gosta da Revista Caras, do sertanejo, do Raul Gil e/ou qualquer tipo de 'lazer' popular, ótimo. Eu detesto e não preciso dar motivos.
Um parênteses: por quê -- confabulo entre meus colegas Id, Ego e Alter-ego -- pessoas que gostam dessas coisas citadas acima gostam de alardear em alto, altíssimo e péssimo som suas preferências 'culturais? Não entendo meu vizinho que me ensurdece com o rádio alto tocando mau gosto para todos da rua ouvirem. Não entendo a vizinha que fala alto comentando a novela das oito (ou seja lá o horário que seja hoje e dia) debruçada no muro e gritando suas opiniões. Em resumo, não entendo porque quem tem mau gosto é chato e barulhento.
Mas voltando às opções. Políticos, artistas de palco e telas, escritores, comerciantes, mulheres de vida fácil ou qualquer outro ramo de atividade tem o mesmo objetivo: conquistar sua fidelidade. Um consumidor de fatos e ideias que seja fiel é difícil de manter, porque nunca alguém poderá ser 100% bom no que faz. De cada duas dentro, dez bolas baterão na trave ou sairão pela linha fundo, quando não pela lateral, dependendo do pé torto de quem produz.
Eu sou e sempre serei fã do livre-arbítrio. Por isso sou contra o voto obrigatório, o serviço militar obrigatório (além de tudo, uma discriminação, já que donzelas não servem ao Exército), contra o horário político obrigatório, contra a Hora do Brasil obrigatória. Não quero e não sou feliz em conviver com a obrigatoriedade em ser patriota. É o cúmulo ser obrigado a torcer pela Seleção Canarinho nas Copas. Acho ridículo morar no Rio Grande do Sul e ser obrigado a ser gremista ou colorado, ou como sou paulista, ser obrigado a ser corinthiano (NÃO SOU MESMO!). Agora acreditam mesmo que me sentirei obrigado a não fumar, não beber, não comer a maioria da coisas, não fazer sexo e não ter prazer?
Nas próximas eleições gostaria de poder votar em quem quero, como quero e se quiser. E acatando a ideia do escritor M. M. Soriano, gostaria que nas urnas estivesse presente a tecla [DELETE], para não ser obrigado a votar em gente que com certeza me decepcionará depois.
O "É proibido proibir" virou o "Sinta-se obrigado".
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