Quando eu era estudante não gostava de matemática, porque detestava com todas as forças minha professora. Eu não aprendia de maneira nenhuma com ela, sentia verdadeiro desconforto ao escutar-lhe a voz ou observar suas mãos pequenas escrevendo no quadro negro. Depois da época colegial fui fazer faculdade e tive algumas cadeiras de matemática, que para minha surpresa se tornaram ridiculamente fáceis, passei a me sentir inteligente na matéria.
Gostamos de quem produz algo ou do produto? Gostamos da imagem do produto ou do efeito? No meu caso o "produto" era a matemática e quem produzia era a professora que eu detestava. Só para constar ela foi minha professora durante os 3 anos do ensino médio, ou seja, durante todo esse tempo me senti burra e acreditei por um bom tempo que matemática era algo que eu nunca gostaria na minha vida.
Na verdade, o marketing muda nossa visão sobre tudo, muda o gosto. Parece que existe um dispositivo e é certo que existe, só não sei se o nome disso é dispositivo que avisa: "compre, consuma, entenda ou leia." Mas isso é muito pessoal, não surte o efeito com todos.
Por não gostar da professora de matemática, fiz um bloqueio mental contra a matéria e não entendia nada. Era só a professora entrar na sala de aula, que minha vida passava a ser o contar dos segundos -- empacados -- para que mudasse o professor. Eu fui assim com matemática, mas não fui e nem sou com livros e seus autores. Lembro da minha resistência psicológica em ler Marx, justamente por agremiações que se apropriaram de sua teoria. Pensava comigo mesma que não tinha nada a ver essa resistência... Eu precisava era ler. Nenhuma leitura é perdida -- mesmo que ao final atestemos que não gostamos -- pois sempre conseguimos aprender ou pontuar algo em nossa vida. Mas li Marx, sem me ater a sua figura ou mesmo em quem passou a se utilizar da teoria de forma errada. Li sem o pré-julgamento. Li sem levar a opinião formada de quem se diz portador de sua "voz"... Simplesmente, li. No final me surpreendi: eu tinha 16 anos na época, realmente o que Marx escreveu é muito bom.
Hoje leio de tudo. Gosto de alguns autores e não gosto de outros. Enfim o normal, mas nunca a figura do autor ou sua maneira de ser detiveram minha leitura. Alguns já tem a ideia fixa de que, se ganhou um prêmio literário ou foi convidado para programa de televisão, o cara é ruim. Não vale a pena ler, é puro marketing. Pergunto, você o leu? Não vale dizer: " Não perco meu tempo, lendo isso." Você precisa conhecer para criticar. Se você leu um só livro e critica todos os outros, é certo que você perdeu a evolução de um escritor e sua opinião infelizmente está defasada.
Na minha leitura diária existem dois tipos de livros: Autores famosos e autores que ainda não o são. O surpreendente é que muitos famosos e não famosos podem não agradar ou decepcionar. Mas legal mesmo é que em ambos os grupos encontramos leituras que valem a pena de serem postos na fila de preferências, não porque o autor é bonitinho ou excêntrico, mas porque a leitura é boa.
A professora de matemática me ensinou que o conteúdo é o que importa e não a pessoa que transmite. A professora de matemática me ensinou a não deixar meu preconceito sobre o criador influenciar na criação. Share |
Gostamos de quem produz algo ou do produto? Gostamos da imagem do produto ou do efeito? No meu caso o "produto" era a matemática e quem produzia era a professora que eu detestava. Só para constar ela foi minha professora durante os 3 anos do ensino médio, ou seja, durante todo esse tempo me senti burra e acreditei por um bom tempo que matemática era algo que eu nunca gostaria na minha vida.
Na verdade, o marketing muda nossa visão sobre tudo, muda o gosto. Parece que existe um dispositivo e é certo que existe, só não sei se o nome disso é dispositivo que avisa: "compre, consuma, entenda ou leia." Mas isso é muito pessoal, não surte o efeito com todos.
Por não gostar da professora de matemática, fiz um bloqueio mental contra a matéria e não entendia nada. Era só a professora entrar na sala de aula, que minha vida passava a ser o contar dos segundos -- empacados -- para que mudasse o professor. Eu fui assim com matemática, mas não fui e nem sou com livros e seus autores. Lembro da minha resistência psicológica em ler Marx, justamente por agremiações que se apropriaram de sua teoria. Pensava comigo mesma que não tinha nada a ver essa resistência... Eu precisava era ler. Nenhuma leitura é perdida -- mesmo que ao final atestemos que não gostamos -- pois sempre conseguimos aprender ou pontuar algo em nossa vida. Mas li Marx, sem me ater a sua figura ou mesmo em quem passou a se utilizar da teoria de forma errada. Li sem o pré-julgamento. Li sem levar a opinião formada de quem se diz portador de sua "voz"... Simplesmente, li. No final me surpreendi: eu tinha 16 anos na época, realmente o que Marx escreveu é muito bom.
Hoje leio de tudo. Gosto de alguns autores e não gosto de outros. Enfim o normal, mas nunca a figura do autor ou sua maneira de ser detiveram minha leitura. Alguns já tem a ideia fixa de que, se ganhou um prêmio literário ou foi convidado para programa de televisão, o cara é ruim. Não vale a pena ler, é puro marketing. Pergunto, você o leu? Não vale dizer: " Não perco meu tempo, lendo isso." Você precisa conhecer para criticar. Se você leu um só livro e critica todos os outros, é certo que você perdeu a evolução de um escritor e sua opinião infelizmente está defasada.
Na minha leitura diária existem dois tipos de livros: Autores famosos e autores que ainda não o são. O surpreendente é que muitos famosos e não famosos podem não agradar ou decepcionar. Mas legal mesmo é que em ambos os grupos encontramos leituras que valem a pena de serem postos na fila de preferências, não porque o autor é bonitinho ou excêntrico, mas porque a leitura é boa.
A professora de matemática me ensinou que o conteúdo é o que importa e não a pessoa que transmite. A professora de matemática me ensinou a não deixar meu preconceito sobre o criador influenciar na criação. Share |
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