«Série longa de elementos numa determinada seqüência, em que cada um difere minimamente do elemento subseqüente, daí resultando diferença acentuada entre os elementos iniciais e finais da seqüência»
Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa
Todas as referências de nosso cotidiano estão, de uma maneira ou outra, ligadas a um "denominador", para que nos situemos em relação ao tempo dos outros com quem convivemos.
Na política existe um apelo maior. Os mandatos viram eras históricas que o sucessor, sempre que contrário, faz questão de apagar da memória dos votantes. Antigamente era comum que se apagasse os nomes dos faraós anteriores, onde seria gravado o nome do governante-bola-da-vez. Hoje, aqui em Bananarama, isso não acontece.
O Presidente Metalúrgico e seus seguidores tem a péssima mania de relembrar a Era FHC como um atraso na vida do pais. Afinal ele dilapidou o erário, ao promover privatizações. O que chega ser estranho, uma vez que hoje todos carregam seus celulares para baixo e para cima, mesmo em salas de espetáculos, como todo mal-educado brasileiro deve fazer. Isso só para ficar em um exemplo de fácil digestão.
Continuando nesse mesmo exemplo, outro dia, via Twitter, uma defensora ferrenha do lulismo ficou bravinha porque eu lhe escrevi o que está ai no parágrafo acima. Ela me contestava que as privatizações criaram mais problemas que benefícios, etc e etc. Como todo lulista, ela tem pontos de vista congelados pela cartilha e não enxerga nada além. Tapada, neste caso, não é eufemismo. Continuando, sua maior birra é que as operadoras de telefonia são péssimas no quesito atendimento, são caras, cobram o que vc não comprou e tal. "Oras bolas, cara lulista, a ANATEL está aí para isso", respondi-lhe. "Não funciona" - retruca ela. "Mas quem gerencia a ANATEL é o Governo Federal, lulista, há quase 8 anos!". Pronto, me bloqueou.
Esse continuum que nos dá uma sequência de fatos possíveis somente se atrelados uns aos outros é o que falta na memória política de nossos coleguinhas que usam seu título eleitoral de maneira banal. O Militarismo errou? Claro, mas também acertou bastante. Sarney errou? Perfeitamente. E erra até hoje e vai continuar errando enquanto quiser, posto que será novamente eleito nos próximos pleitos ou até quando a saúde lhe permitir. Collor, Itamar erraram? Óbvio e quanto ao Collor - embora inocentado - continuará conseguindo reeleger-se quantas vezes quiser, como Sarney. Fernando Henrique errou? Sem dúvida. Lula erra? CLARO QUE NÃO, uma vez que nunca sabe de absolutamente nada do que ocorre com seus discípulos, com seu filho bom-de-bola, com o caixa do Partido ou seja lá com o que for. Lula só sabe quer quer Dilma para presidente.
Todos erraram e acertaram, cada um a seu tempo. O problema maior é que hoje FHC continua errando. Tivemos o apagão? Foi sabotagem do Fernandinho. Enchente? FHC. TCU empaca o PAC? FHC. Congresso atuante? FHC. Unha encravada? F-H-C!
Lembro que na campanha Lula vs. Collor, o PRN tinha em mãos um dossiê sobre um suposto aborto sugerido por Lula a sua namorada da época. Mesmo Lula não tendo perdido a eleição por conta disso, ficou o boato, que não foi reaproveitado depois disso. Hoje FHC assume um filho e o PT se arma para tirar proveito dessa informação nas próximas eleições. Pessoas chatinhas essas, já que a vida conjugal ou biscatal de cada um não tem absolutamente nada a ver com a capacidade de alguém ser bom ou mau administrador. Não interessa quem FHC, Lula, Renan ou qualquer um outro(a) comeu(deu), desde que não seja o cidadão pagante de impostos que banque a criação do rebento.
O continuum também deveria servir de base para aqueles que querem comparar governos: Lula só está conseguindo manter o Brasil de pé (ou o Brasil só se mantém em pé, apesar de Lula), por conta de erros e acertos passados, em uma cadeia inquebrantável de fatos. O Bolsa família, orgulho lulista, tem sua origem em uma outra bolsa, a Escola, pensada por Betinho, criada por dona Ruth Cardoso, como parte da Rede de Proteção Social.
A única área deste atual governo que não se enquadra no continuum histórico de nosso pais é a das Relações Exteriores. Você pode espernear por sermos hoje amigos de Chavez, Khadafi, Ahmadinejad, Zelaya e etc, pode ficar realmente ofendido com as posições adotadas pelo chamado pelo Reynaldo Azevedo como o "megalonanico" Amorin e as coisas continuarão indo pelo lado factóide, aspirando uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU, a troco de sabe-se lá o que. "Nunca antes na história deste pais", como eles gostam de dizer.
Por isso coleguinhas, lulistas ou não, atentem para o conceito histórico do que acontece hoje em nosso país. O Brasil foi descoberto há mais de 500 anos e garanto-lhes que não foi Lula quem capitaneava as caravelas que aqui aportaram.
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