Lembra como começou? De sopetão, com fofocas e um beijo roubado? Eu lembro. E ao mesmo tempo que sei racionalmente que tudo aconteceu em menos de dois anos, emocionalmente me parecem séculos. É natural, simples e exato: tinha que ser assim.
O choque inicial me assustou... "Como pode existir e não estar comigo?". Te escrevi:
impublicávelAmei-te aos pedaços esta noite.A cada pequeno instante de sono forçadoUm bocado de teu corpo me surgia.Grandes porções de pele amorenada,De olhos desejososDe boca proibitivamente querida.Me fizeste um insone sabias?És culpada, sendo eu júri e juiz,De me trazer o desconforto de não ter teu corpo.És culpada de me fazer usar o "amei-te" que disse a pouco,Não em sua forma pura de sentimentoMas na vontade carnal, quase animal.Não te disse que o controle é fato?Não te avisei que sou cheio de regras,racional e desimportante?Fazes algo de mim algo que não gosto,Emocional e pesaroso.Quem pensas que ésMe atirando olhares adolescentesAtiçando algo antes contido e escondidoFogo interno sob cinzas de ilusão?Preferi dar-te um tempo.E agora arrependo-me.Oportunidades virão.E sei que serão.(mesmo assim...em infantis rimas em "ão")
Depois dessa noite marcada pela primeira saudade, vieram outras tantas. Tornou-se minha Musa. Deu-me sentido na escrita e um motivo na vida. Claro, os filhos existem e também os amo, a todos. Grandes amores diferentes, mas equivalentes.
Durante meses ficamos entre idas e vindas. Aeroportos lacrimosos. Ausências corpóreas, enquanto espiritualmente (se eu acreditasse em espíritos diria isso. Me dê a licença meio poética, meio "falta de palavras") estávamos e ficamos cada dia mais...um(?).
encontroQuando antes pensávamos possuir o muitoO quase nada em tua ausência haviaPrecisei te encontrar em ruas escurasSujase VeladasDe minha alma infeliz e apagada.Na plenitude de uma paixão insanaUm amor louco pouco planejadoUm eterno seguiremos juntosUm conjunto de ações ilimitadas.Somos um agora?Minha dúvida não é a negativaMas o tempo verbal necessário(e aqui é critério de livre-pensar)É mais amplo, melhor atemporal,Pois creio esta minha vida(antes tão alucinada)É um grande jogo de cartas marcadas.Vim com o destino rabiscadoEm forma de poesia por ti concebida.Sinais eriçados por meu corpo todo,Gritam em coro de vozes:Teu nome em mim.E meu coração rebate em ecoSou aquele que querE que findaMinha busca em ti.
Aí estávamos nós na expectativa das idas e vindas. Se pararmos para pensar, entre ver, tocar e finalmente estar foram ...o quê? ...Seis meses? Seis meses arrastados, onde se não havia teu rosto, teu sorriso, teu "te amo" - não esqueça que combinamos que decidimos pela paixão - me sentia simplesmente amputado de uma parte de mim.
paixãoO amor? Sentimento falso e mesquinhoMescla de falsidade e comodismo!Sou muito mais é pela paixão;me perder em delírios puros,sentir-me em sua presença a cada instantemas ao mesmo tempo sentir ainda a alma pesada de saudadeAmor é algo comercial:Bodas disso, bodas daquilo, presentes.Um lixo!Mas é a pobre da paixão, menosprezada,catalogada como sentimento juvenil, passageiro,que me arrebata, me tira os pés do chão,me sacode, me leva por ventos que,mesmo sendo tão conhecidos de paixões outras,tem sempre o doce e o amargo de novas descobertas.Bah para você amor, seu caduco com sua indecente,chata e incoerente frase-chavão: "Eu te amo..."Mentiras. Não ama, suporta. Aprendeu a convivência.Mas e a pobre paixão?Essa que te ergue ao topo, te faz fiel porque,Quando apaixonado está, nada mais agradaQue aquele olhar tão quente...aquele pequeno instante...Um toque!Aí está a comprovação!Um toque de seu ou sua apaixonante meta lhe traz fogo às entranhasFerve, quase evapora todo o sangue de seu corpo.Olha no espelho e vê se não fica roxo!Teu amor? Pode te esmurrar, violar, invadir...pois..simplesmente,está ali.Que se danem enamorados e que salvem-se, espelhem-se,sintam-se, APAIXONADOS.Sintam-se vivos como se o mundo acabasse naquele instante e você,pelo canto dos olhos, desejasse que tudo fosse para o inferno,pois ali, em seus braços, está a paixão momentânea de uma vida toda.
E nos encontramos finalmente, andando por aí...
janelasJanelas tidas como sujasCinzas e opacasFiltram a luz vinda do GuaíbaIluminam minha almaIluminam minha vidaIluminam o sorrisoDessa meninaQue comigo caminhaUm passeio pelas marges tortuosasUm olhar ao por-do-solE essa menina tão lindaQue comigo caminha pelo GuaíbaÉ uma janela na minha almaPor onde se filtramLuzes cálidasMultifacetadasColoridasA que distância estãoAs janelasOs olhosQue por elas me espreitamPor decisão as localizoPerto de meu coraçãoDentro de meu peitoQue comigo caminhaMe dando a mão.
Hoje, em teu segundo aniversário comigo, comemoro da maneira mais egoísta possível. Eu sou aquele que espera pelos "parabéns", pelos "muita saúde", pelos "eita lêlê hein? 28 anos são quase trinta!". O aniversário é teu, mas o presente quem ganhou fui eu. Quase dois anos já? Uma eternidade de histórias.
tempoNas teias que a aranha do tempo tecePresos estão os rostos,As dores e os amores.Inconstâncias de uma vida curtaAli pregadas em seda puraEsperando aflitas e solitáriasA morte de seus autores.Somos tela branca, meninaCriados para criar e sentirEsperançosos de novos pintoresQue apaguem antigos rancores.Em mim está agora tatuado(não mais pintado)A paixão do eterno apaixonadoO sentimento que nos prendeNo querer desavisadoEsse sentimento que me dá sentidoBússola de meu até então obscuroAborrecido e negro caminho.O que era, se foi.Você quando chegou, é.E eternamente seráPaixão e mulher.Agora vem e deitaNo meu peito te aconchega.Depois te acordo com um sorriso,Um beijo, um carinho,Meu Paraíso...
PS2: Feliz aniversário, minha menina.
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