26 de abr. de 2009

Eu te disse...


Tenho acompanhado uma denúncia de plágio ocorrido durante estes últimos tempos e para falar bem a verdade o faço com um sorrisinho sarcástico nos lábios. Não sai de minha cabeça o figurinha aí de cima (IMAGEM MINHA, ANTES QUE ME ACUSEM DE ROUBAR IMAGENS DA HANNA BARBERA!). Quem é mais experiente, passando das quarenta primaveras, deve se lembrar dessa motoquinha, do desenho Carangos e Motocas (Wheelie and The Chopper Bunch / NBC,1974). Todo final de desenho, depois que planos das motocas para cima do "fusquinha" Wheelie davam errado, a motoquinha repetia o bordão "Eu te disse! Eu te disse! Eu te disse!"

Pois bem coleguinhas: EU TE DISSE!!!!!!!

Estava mais do que na cara que esse tipo de coisa acontecia e muito. Há tempos atrás, eu tinha dois blogs literários (pseudo-poemas e canto dos contos), ambos em parceria com vários blogueiros. Tinha pressa em escrever para poder colocar online e ver o tipo de comentário que eu receberia. Por increça que parível, não saia do nhém-nhém-nhém do tipo "Ai, qui linduuuuu miguuuu!". Isso já me dava com as extremidades inferiores em meus nobres testículos, pois sou realista: se é uma merda é um merda e ponto final.


Enquanto isso, navegando pelos mares tortuosos da tal blogosfera, encontrei dois textos meus, sendo um sem referência de autoria e outro com autoria trocada para um alguém que o quis para chamar de seu. Cavalheiro como sou, simplesmente decidi, em conjunto com minha cara metade, amada, rainha do lar e companheira de cama, mesa e banho, a fechar todos nossos blogs. Todo material está ainda disponível na net, mas somente podem ser acessados sob senha (aqui cabe um esclarecimento: NINGUÉM, até me provem ao contrário, conseguiu até hoje roubar a senha do Google pelos blogs. Orkut é uma piada e é possível, mas Blogger, Gmail e etcéteras, nem pensar).

Temos batido muito sobre esse tipo de assunto aqui: internet é terra de ninguém. Eu já escrevi sobre isso e dona Letícia já escreveu também | aqui | e | aqui | com muito mais apuro, além de darmos nossos pitacos embutidos em outros textos que nem me dei ao trabalho de procurar. Sabemos de conhecidos nossos que foram plagiados, copiados, clonados e afins. Não vou citar quem são os bois, pois as coisas podem estar com dona Justicia e a gente sabemos que ela é cega, além de gananciosa. A gente fala, fala, fala, e....

"EU TE DISSE!!!EU TE DISSE" EU TE DISSE"

Eu imagino as coisas mais ou menos assim:

Cena 1:

Somente a luz azulada do monitor teima em invadir a negritude do quarto solitário. As faces do Pequeno Escriba, apelido "internetiano" do aspirante a escritor, congestas pelo esforço do trabalho mental, tem um aspecto doentio. Um passeio ao sol com certeza lhe faria bem.

Mas o que poderia ele fazer? Ele que prometeu a si mesmo não ser como tantos outros, com suas páginas pessoais carregadas de cópias de artigos de jornais e anúncios do Ad-sense. Não quer ser mais um perdido na internet. Quer ser alguém, contribuindo para a cultura geral e global. Quer, quem sabe um dia, ser descoberto por uma Grande Editora (ele até ouviu sobre uma tal Novitas e vai mandar seu livro para orçar :=P).

Toda vez que publica seus textos, geralmente em forma de crônicas e contos, sente-se como um pai. Ou uma mãe, já que o hercúleo esforço de ordenar as idéias insanas em frases palatáveis lhe parece mais um parto.

Três da manhã finaliza a última correção. Foram dois dias de ardor literário, de paixão por suas personagens, de odio de si mesmo pela insuficiência de palavras esmeradas. Abre uma Coca Zero, come o resto do prensadão (carne e queijo, com pouco ketchup) e comemora sozinho, enquanto espera pelos comentários a respeito de seu novo filho, que serão muitos, se Deus quiser e o Haloscan deixar.

É um serumano e como tal necessita de descanso. Com a cabeça tranquila e sentimentos de dever cumprido, o Pequeno Escriba voa pelas terras imaginárias, onde posa ao lado do Paulo Coelho no Castelo de Caras...


Cena 2

Martinha é um moça feia. Além de feia é gorda. Além de feia e gorda, é antipática, condição para ser solteirona e mal comida (sim mulheres, comemos as feias, desde que sejam simpáticas). Além de feia, gorda, antipática e mal-comida, Martinha é burra. A linguagem coloquial escrita de Martinha é um apanhado entre erros crassos da lingua mater somados às gírias de internet. Seu lema é "Nóis semo o que a gente queremo" e fim de papo. Detesto a Martinha, tanto que nunca fez parte de meu MSN, Orkut (que ela insiste em escrever Yorkut, como se fosse engraçadinho), nem tenho seus links em meu blog. Sei dela de ouvir pelaí.

Sei também que Martinha é colecionadora de links e um de seus favoritos é o do "Pequeno Escriba", que ela gentilmente permite (para si, claro) pensá-lo como seu alter-ego. tanto que fica de plantão olhando o Google Reader, esperando que o rapaz poste alguma coisa que ela considera útil.

Hoje Martinha está com sorte; o conto que o Escriba postou era surpreendentemente parecido com algo que ela havia pensado meses atrás. Pensando na lógica que pensou primeiro é dono, um simples, rápido e indolor Ctrl+C / Ctrl+V e "Plimm!!!!", mais um texto soberbo no blog da gordinha. Para quem a conhece, as palavras ousadas e o português para lá de correto destoam dos gifs animados em profusão, das fotos "ousadas" do Flickr e dos cometários semi-obscenos "da tchurma". Mas para ela, está tudo bem. Ninguém vai saber mesmo...


Cena 4

O Pequeno Escriba acorda e para seu desconsolo vê que não tem nenhum comentário, mas pelo Feedjeet vê que a mesma pessoa de sempre o visitou. Resolve, algo que nunca fizera antes, ler o que sua anônima fã escreve e fica pasmo com o que vê ali: seus textos com a assinatura de outrem.

Fecha seu blog e resolve abrir espaço para viver, com pessoas reais, Editoras reais (aquela Novitas não lhe sai da cabeça....hoje mesmo vai enviar seus originais) e prazeres reais. Respira o ar puro fora de seu quarto e passa a viver de dia.

Seis anos depois a Revista Caras estampava na capa a foto de um jovem bronzeado, ganhador do Prêmio Jabuti posando ao lado de seu ídolo, Paulo Coelho.

Cena 5

Martinha não acredita que seu alter-ego encerrou o blog. É demais para ela, tanto que corta os pulsos e comete suicídio, não sem antes mandar uma carta aberta através do email para toda sua lista de contatos. Na mensagem, culpa o Pequeno Escriba pela sua desgraça e pede a todos que lerem para que criem uma comunidade no Yorkut chamada "Saudades da Botininha Colorida".



E para finalizar:
Lembram do carinha da imagem lá de cima? Aqui vai um desenho que achei no Iutube:






"EU TE DISSE!!!EU TE DISSE" EU TE DISSE"

Para quem chegou aqui e acredita que perdeu tempo, vá até o blog da Meire. Lá pode-se ler 51 perguntas respondidas por minha amada salve, salve, olê, lê!

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