O ser humano comum tem em si um quê de irresponsabilidade
quantos às suas ações. Nunca comete o erro por querer, mas sim porque foi
induzido, mandado, enganado ou mesmo porque carrega imperfeições psicológicas
da infância (Antes era freudiano, a mãe como alvo. Hoje é o tal bullying.). A
arte da desculpa furada, remoída, pisada pelo demo, mas ainda assim, sempre
existirá uma desculpa.
Quando se erra, o primeiro ato não é o desculpar-se, mas sim
criar um culpado a ser acusado, dedo-duro apontado para a cara do sujeito.
"Ele(a) errou. EU NÃO!"
Ontem assistimos aqui em casa a um programa do History
Channel, chamado "Deus x Satã – A Batalha Final". Segundo o programa,
após a queda de do então anjo Satã, trava-se uma guerra divina pela posse de um
espólio que, sinceramente, não valhe tanto esforço: almas humanas (abaixo com tradução... em grego!)
Pode parecer estranho alguém declaradamente agnóstico dizer
que assiste a esse tipo de programa, mas na realidade me interesso muito por
mitologia e as religiões, todas elas, se enquadram no mesmo contexto de seres
vingativos ou bondosos, paternalistas ou punitivos, dadivosos ou maldosos que
os antigos mitos vindos da Grécia ou da Mesopotâmia.
Pois bem, de todo o programa (ou até onde o sono venceu),
ficou uma frase significativa, vinda de um dos teólogos envolvidos: "O
Diabo é a desculpa lógica para os males da humanidade". Isso nos diz que
então que o demo é o responsável por todas nossas agruras? Não, é a afirmação
categórica de o demônio é necessário em duas situações bem claras.
Primeiramente, o capeta é preciso por ser o antagônico ao
Bem. Não há como se concluir o bem sem o mal, o preto sem o branco, o yin órfão
de seu yang. A anteposição dos extremos é clássica e está presente em
praticamente em todas as situações cotidianas.
A outra situação onde Satã é necessário é quando o ser
humano, mais uma vez, necessita de uma desculpa por suas perversidades. O
indutor do pecado que gera culpa, mas é passível de absolvição.
Ter alguém ou alguma situação para se culpar é praticamente
uma constante nos erros causados pela incapacidade ou pela maldade de nossos
atos. Vem de nosso código genético ser territorialista, mesmo que o convívio
social seja outra marca. Talvez por isso mesmo a internet esteja tão presente
em nossas vidas hoje: "Ele é meu amigo do Japão". Uma amizade de
troca de ideias eletrônicas sem a invasão de sua privacidade, de seu território
ou zona de conforto.
E se você não concorda, aceita ou entende este texto, a
culpa é sua.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Livre para opinar, mantendo a educação..