4 de fev. de 2011

Eu, marginal

Eu sou fumante... Fumante de nicotina, não me entendam errado. Fumo em casa com a permissão de meus pais desde os 15 anos e lembro com perfeição do dia que fui descoberta com um cigarro na mão. Acreditei que meu pai ficaria furioso, mas  se eu ainda não o conhecia direito, passei a conhecer aquele dia. Ele me chamou, deu-me dinheiro para que eu comprasse meu próprio cigarro, pois vá saber o que mais tinha no cigarro dos outros, então que comprasse o meu próprio. Não ficou bravo, ao contrário, ficou meio que chateado porque eu não contei que fumava.  Fui a única debutante que podia fumar, conquanto as outras tivessem o mesmo vício, se escondiam de seus pais, durante o baile inteiro. Eu podia fumar na rua e meus amigos se escondiam no banheiro, no fundo dos restaurantes, para fumar. Sim, eu podia fumar, sem prejuízo de ser deserdada ou ridicularizada.
                Meu avô materno cresceu trabalhando na indústria do fumo, Sr. Armindo Losekann, líder comunitário, emancipacionista de Vera Cruz  e gremista. Começou plantando lavoura de fumo com o bisavô Adolfo e se aposentou como presidente geral de uma grande fumageira internacional. Da família materna, só eu e meu avô fumávamos;  da paterna era diferente: Meu pai foi ex- fumante e hoje é fumante novamente, meus tios são ex-fumantes e meus avós fumavam.
                Nunca vi alguém de minha família ser tratado como marginal ou coisa parecida, mas atualmente as coisas são diferentes. Fumante é bandido, não importa se é nicotina, maconha ou craque, estão todos no mesmo balaio. É como se de uma  hora para outra a cultura do fumo fosse completamente errada e absurda. Mas vejam, essa cultura sustenta boa parte das famílias de agricultores gaúchos. Não, eu não incentivo o cigarro. Não, não tenho nada contra você que fuma o que não é legalizado, pago meu plano de saúde para não sangrar o SUS se algum dia eu ficar doente, não fumo em ambiente fechado, na casa das outras pessoas, no corredor de prédios e nem em banheiros. Tenho bom senso.
                Parei de fumar durante toda minha gravidez e amamentação;  é eu não queria contaminar meu filho, foi automático... Parei quando peguei o exame positivo em minha mão.
                Eu posso achar que sua gargalhada polua mais o ambiente que minha fumaça, mas não vou acender um cigarro se não for conveniente aos outros, assim como posso acreditar que seu papo chato e em alto tom irrita mais que meu vício... Sim, eu me preocupo em não contaminar pulmão alheio.
                Se saio para a rua e acendo um cigarro, tenha bom senso, não vá atrás para reclamar... Estou na rua amigo, correndo risco de ser assaltada, você pode ficar lá dentro na segurança de quem não vai ter o pulmão atingido.
                Depois de mais ou menos 12 anos fumando, nunca imaginei que eu fosse me sentir como as debutantes que fumavam escondido aos quinze anos... É melhor que não existisse o cigarro ou a hipocrisia, então... Opa!!! Agora em algumas ruas de Nova York não é mais permitido fumar, imagina se isso se espalha? Ok, fumantes, alguém agiliza uma colônia na lua? 


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