18 de jul. de 2010

A Estrada

Uma estrada,
Finita em suas barreiras
Fechada pelos escombros
Um mar, de cimento e madeira
Ao longe um ser sem nome
Busca entre todas as sujeiras
Um algo que o conforte

A busca pela sorte

Debaixo de um tijolo
Encontrou várias promessas
Revestidas com o ouro
Ouro de tolo, oco
Um simples tijolo, enfim

Sobre um pilar ao meio partido
Viu rostos conhecidos,
Não seriam aqueles tantos
Antigos amigos, há muito perdidos?
Aproximou-se e como por encanto
Desfez-se em poeira a imagem
Partiram, sem dizer adeus

Fica a saudade, o pranto

Distante, à margem da estrada
Um reflexo, um brilho
Correu, quem sabe ali estivesse
Traços de sua antiga vida
Encontrou apenas cacos
Milhares deles, espelhados
A moldura de madeira carcomida
Jogada ali ao lado

Em pedaço de si, ali refletido
Um caleidoscópio de olhos, bocas
Narizes recortados, dedos enlaçados
Enxergou todo seu passado

E lembrou-se

E soube que estava ali não pela sorte
Mas vagando em um vale de morte
Tirou de si a própria vida
Que agora busca, o peito encharcado
Por sangue coagulado
Uma profunda ferida
O coração roto a mostra

Um tiro certeiro
Lancinante
E o fim de uma era
O calar de uma voz
O prego no caixão
De um covarde.
Que agora, chora...
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