20 de ago. de 2009

Politicamente incorreto



E pelo jeito, agora também sou socialmente incorreto. Sou fumante desde os meus 14 anos (chegando este ano aos 43) e o debate sobre minha liberdade em sê-lo hoje é a bola da vez com uma lei sectária.

Sou profissional da área de saúde. Ou fui, mas mesmo assim, foram 23 anos trabalhando com os cânceres alheios. Tomografia computadorizada era minha "arte", logo além de toda fumaça em minha vida, tenho ainda comigo o fator radiação. Tratei das doenças alheias e agora querem me impedir de ter a minha própria.

Os não fumantes - principalmente a espécie mais xiita, os ex-fumantes proibidos pelo médico de fumar - devem ficar atentos para alguns detalhes quanto às sub-divisões de nossa raça, os fumantes.

Existem basicamente dois tipos: os com e os sem educação. Eu sou daqueles que não fuma em ambientes fechados, como supermercados e restaurantes, principalmente se ali estão criancinhas. Logo, não incomodo ninguém nem sou mal exemplo.

Agora, você amigo fumante, sabia que o que lhe dá tanta vontade de fumar quanto você senta num bar para tomar sua(s) cerveja(s) é fisiológico? A nicotina é metabolizada mais rapidamente em presença do álcool, logo você tem mais vontade de fumar. Muitas vezes fico com ressaca de cigarro depois de uma noitada, pois o consumo meio que dobra.

Pois bem, fumante também é gente. Somos agora proibidos de fumar em qualquer lugar que tenha um telhadinho. Mas beber pode. Mesmo com a tal Lei Seca que não pegou (ao menos aqui no RS nego enche o pote e dirige atravessado na rua), a quantidade de bêbado chato que existe no mundo é absurda.

Aí pergunto eu: o que mata mais? Álcool ou fumo? O fumo mata diretamente. A fumaça, a nicotina, o alcatrão, bla, bla, bla. O álcool? Direção vertiginosa, briga de faca e a cirrose, além de tantas outras maneiras de se fazer mal quando "sob os efeitos dos vapores alcoólicos".

O que mata mais? Fumo ou política? Economicamente falando, o fumo sustenta sabe-se lá quantas famílias produtoras aqui no RS e em SC, além dos atravessadores, exportadores e afins. Não sei dados de cabeça, mas veja no Sintabaco.

Ninguém político diz: O fumo está proibido no país. Sabem porquê né? Dinheiro é dinheiro e se eu morrer de câncer por ser fumante, pobrema meu. Entendem? Isso tem nome: HIPOCRISIA. Principalmente no Rio, onde a lei vigorará. Fazem ou são favoráveis à liberação da maconha, mas fumar tabaco? NÃO! Santo povo louco, Batman!

Eu topo em tentar mais uma vez de parar de fumar. Mas antes, quero o fumo considerado proibido, ao menos a nível nacional, juntamente com o consumo de bebida alcoólica.

Se vocês, pessoinhas do bem que torcem narizinhos para meu cigarro se acham no direito de coibir meu vício, me reservo ao direito de declarar de peito aberto que tenho nojo da postura Cabernet Sauvignon podre de bêbado, com o fígado que parece um Fromage Suisse, fazendo pose de bom entendedor de merda nenhuma.

Sou fumante, quero abrir um bar. Mas não poderia fumar em meu estabelecimento. Tem cabimento isso?

Das duas uma: ou os fumantes curtem os botecos de sempre, movimentando a real economia do pais e prazeres libido-fumágenos-alcóolicos ou os não fumantes montam ali seus postos. A convivência entre seres tão distintos já era.

Eu fumo sim. E não encham meu saco.

(* Audrey Hepburn, a mais charmosa das atrizes, fumante. Morreu de câncer sim...e daí?)



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