19 de jan. de 2009

Esse tal Carnaval






O ser humano é, por natureza, um ser gregário. Somos animais sociáveis que necessitamos uns dos outros para viver. Claro que existem aqueles que pensam isso como uma falha evolutiva ou talvez uma anomalia genética, mas a verdade é exatamente essa: as pessoas que nos cercam, nos acotovelam e nos atendem mecanicamente pelos telemarketing da vida são extremamente importantes.
Tendo o acima escrito como verdadeiro, quero dizer que não cabe, em situação alguma, a famosa frase: “NÃO ME IMPORTA O QUE PENSEM/ACHEM DE MIM!”. Uma redundante mentira que nós, que escrevemos, fotografamos, pintamos ou que usemos qualquer outra forma de expressão atestamos como fato. O que realmente importa em nossas vidas é a imagem que passamos às outras pessoas.
Mas não é sobre relacionamento humano que quero escrever.
Nesta época do ano, início de um novo ano, temos aquela sensação de vazio, de adormecimento, em nossos planejamentos. De certo mesmo, somente as contas que se acumulam: IPTU, IPVA, matrícula do colégio das crias, etc. Se estamos para abrir um novo negócio ou mesmo para reformar o antigo, devemos esperar até o final de Março. Por quê? TEM CARNAVAL! E sem a passagem do carnaval nada, neste país de bananas e melancias em capas de revista masculina - além de outros seres do reino vegetal -, se resolve.
O carnaval, em suas confusas origens cristãs, era um meio de conter o povo, cansá-lo, na fase pré-jejum da quaresma. Hoje ninguém jejua (nem pré nem pós Carnaval), mas a festa de reais fontes dionisíacas se mantém como um desabafo contra o abafo de roupas desconfortáveis a que somos obrigados a utilizar durante todo o resto do ano. Pelados unidos, jamais serão vencidos.
(É óbvio que não é a mesma porcaria em todos os lugares. O Norte e o Nordeste mantém vivas suas raízes no frevo, no maracatu e nas marchas. Logo, estão fora da descrição do eixo Rio/ São Paulo/ Salvador acima)
Mas existe outra questão que eu gostaria de emendar.
Brasileiro é turista por natureza. Desde a escola, hoje mais que nunca um centro de alunos viajantes que vão e voltam de seus bancos a seu bel prazer, somos um povo que adora passear. E o sonho de consumo se inicia na Dysneilândia, passando depois por Bariloche, emendando em um cruzeiro pelas Ilhas Gregas e, se sobrar um tempo ($$$$$$), uma passada para a benção na Praça de São Pedro, no Vaticano. Claro que esse percurso é para poucos, mas quem pode faz.
Aí chega o casal, se hospeda No Hotel Waldorf de Roma. Brasileiro viaja. Brasileiro é o centro das atenções. Chega à recepção do Hotel e já se acha amigo do atendente do outro lado do balcão. Pede as chaves e recebe a informação de que não recebe prostitutas. Faz escândalo e só consegue entrar em seu quarto depois que mostra a Certidão de Casamento, o Passaporte, a declaração do IR e o álbum de família – preferencialmente se forem fotos da festa de casamento. Indignados, o casal brazuca reclama, esbraveja e rouba umas toalhas antes de cair fora do tal hotel. (antes que falem algo, essa história é REAL).
Nos finalmentes:
Sabem porquê escrevi esse texto todo acima? Para mais uma vez, como tenho feito ano após ano desde que comecei a publicar algo em algum lugar, declarar que uma das maiores nocividades que nós brasileiros de verde-amarelo cometemos, é esse tal de Carnaval. É a pior imagem possível para um país vender ao exterior.
Conheço várias mulheres que se sentem afrontadas quando viajam a qualquer lugar fora do Brasil e são olhadas de canto. Para nossos irmãos de outros países, Brasil fica perto da Austrália, falamos espanhol, nossa capital é Buenos Aires, macacos são guardas de trânsito e nossas mulheres são putas. Culpa de quem? NOSSA!
Moças, caiam na real: Carnaval é pior que festa de confraternização de fim de ano do escritório. Aquelas nudas e desnudas que frequentam a passarela só fazem com que o conceito de vocês, perante a sociedade mundial, caia abaixo de zero.
Vai minha dica. Boicotem. Sem axé/funk ou qualquer nova mistura de sons, peloamordedeus!
E como eu escrevi lá começo: mentira alguém me dizer que não liga para as idéias dos outros a seu respeito.