Em tempos de blogs e de internet onde tudo é acessível e fácil vira a desculpa mais utilizada para não se comprarem jornais ou livros.
Porém a facilidade nos leva ao comodismo e a infeliz constatação é que não lemos mais.
Tudo é muito simples, muito fácil - basta um "clique" e está lá o artigo, página de blog ou qualquer coisa interessante para se ler - mas não somos capazes de fazer de fato uma leitura compreensiva.
Qualquer texto que exija a leitura mais atenta está sujeito a não ser compreendido, mas principalmente em blogs, acaba por receber palavras de carinho nos comentários, por "amizade".
Isso é fato: poucas são as pessoas que realmente tem a capacidade ou se dão ao trabalho de ler o que escrevemos, seja nos blogs, livros ou mesmo em um simples e-mail.
Texto precisa de interpretação. As vezes passamos por textos onde lemos os comentários e infelizmente se nota que o texto de fato não foi assimilado. O mesmo acontece com poesia e até com bula de remédio, que atualmente somente os hipocondríacos se dão ao trabalho de ler, pois uma interpretação sem muita atenção nos faz acreditar que estamos praticamente nos medicando para morrer.
Assuntos sérios, estão à margem de qualquer bobagem escrita, basta observarmos por exemplo, quais são os assuntos mais buscados na internet para constatar como as pessoas no geral buscam ler abobrinhas ao invés de exercitar o cérebro com coisas que realmente fazem pensar.
Poderíamos dizer que o fato da não-leitura ou a não capacidade de compreender o que está escrito é preguiça mental? Sim, porque na maioria das vezes quem não lê ou o faz exporadicamente - quase nunca? - tem a mania de ter um entendimento somente para o texto ao invés de aceitar o leque de possibilidades que as palavras nos oferecem.
Textos, poesias, contos são singulares somente no momento da escrita e permite a pluralidade conforme a leitura das pessoas. Cada um sente ou imagina uma coisa diferente, cabendo ao autor tentar transportar para as palavras por ele escritas, sentimentos possíveis na seus leitores. O único que sabe o que realmente significa um texto, no momento de sua elaboração, é o autor e a não contextualização é justamente para permitir que quem lê interprete o texto.
Normalmente o que é feito quando se vê um texto grande? Os olhos são passados rapidamente e comentamos sem nenhum entendimento concreto do texto.
Existem diferentes leitores em tempos de internet: aquele que faz a leitura para procurar erros de português e pontuação; aquele que faz a leitura somente para buscar um ponto para discordar do que foi escrito normalmente sem argumentação que sustente; os que fazem a leitura para imaginar o que o autor está sentindo e finalmente os que conseguem ler, entender para daí criticar e até discordar do que está escrito.
Assuntos que trazem temas como: política em geral, lei seca, crises ou aumento de preço não são lidos, porque a grande maioria das pessoas que navegam na internet buscam saber que a Juliana Paes atualizou o blog, tem curiosidade sobre a mulher melancia e a samambaia, querem saber como foi a festa do Ronaldo Fenômeno e ainda o que está fazendo a Sandy na lua - de - mel ( todos esses assuntos mais procurados foram retirados do site do yahoo, na sessão mais procurada)
A internet para uma grande maioria das pessoas é, ao invés de ser ferramenta de estudo ou de leitura, somente ferramenta de diversão ou alienação.
Claro que isso depende do ponto de vista de quem lê isso. Eu por exemplo me divirto lendo blogs ou procurando músicas no YouTube, mas fico alarmada quando vejo os assuntos mais buscados em sites de pesquisa e mais ainda quando leio textos na internet realmente interessantes ou que suscitam questionamentos ou comentários sérios, mas o que se lê são comentários confusos que indicam que atualmente as pessoas estão muito apressadas para realmente formar uma opinião sobre algo.